Capítulo 1 ( parte 2)
Eram cerca das dez horas da noite. Eu só pensava – O meu querido filho, o meu querido filho, isto é um pesadelo... o meu querido filho não. Mas afinal o que é que se passa, meu Deus... Por favor protege-nos de todo o mal. De repente parece que Deus me ouviu, e um dos vândalos decidiu levar o meu filho a casa.
Ali fiquei, não sei quantas horas naquele covil. Não me recordo bem o que se passou mas lembro-me de ter chegado um tipo alto, moreno e pelas deferências dos outros, percebi que era o chefe da quadrilha.
Com um ar vulgar, marginal até, sentou-se em cima de uma secretária que estava à minha frente e rosnou – Acha que com essa cara de santinha vai enganar o juiz?
Não respondi, olhei para o relógio, eram três e meia da madrugada.
A minha querida mãe, com todas as dificuldades impostas pela situação ainda conseguiu contactar um amigo meu que se prontificou de imediato para nos ajudar. Ainda lá esteve comigo naquele malfadado covil durante algum tempo.
Foi-se embora pois, naquele dia, nada mais podia ser feito e mal sabíamos nós que nos outros longos dias que seguiram nada pôde ser feito.
(Amigo M…, agora que decidiu ser juiz desejo-lhe a maior sorte do mundo … não deixe que lhe roubem os seus princípios e o seu grande EU SOU)
Sentia-me anestesiada, sem fome, não sentia frio nem calor, escutava-os ao longe sem perceber nada do que diziam. Acordei deste estado catatónico quando um dos vândalos me disse, – Vamos embora!
Levantei-me e vi um amigo meu ( aliás vos digo que com amigos destes sinceramente não preciso de inimigos ..) e uma série de homens todos algemados a entrarem nos carros.
Entrei para um carro com um desses homens.
Parámos na prisão de Setúbal onde largaram os homens.
Depois, entrámos na auto-estrada. Nesse momento, no meio do meu desespero balbuciei, – para minha casa não é necessário entrar na auto estrada – responderam-me, – pois não, você vai para Tires.
E assim foi a minha chegada ao maior depósito de mulheres do País.
Dia 27 Setembro 2000, por volta das cinco horas da manhã.
O carro parou num portão enorme, ouvi-os falar com alguém, retomou a marcha, parou mais à frente, voltaram a falar com alguém, retomaram a marcha e pararam à porta de um enorme pavilhão.
Saíram do carro, entraram, e passado um momento, que me pareceu uma eternidade, abriram-me a porta disseram, - chegámos, pode sair. Dentro de 48 horas vimos buscá-la para ir ao Juiz.
Uma mulher, fardada de cinzento veio buscar-me ao carro, introduziu-me no hall e depois num pequeno escritório contíguo.
Olhei de repente para trás na esperança de ver os ditos vândalos lá fora.
Por um momento pensei neles como salvadores pois preferia ir com eles, fosse para onde fosse, do que ficar ali.
Mas... já lá não estava ninguém.
(continua….)
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